Reforma Tributária no Brasil
A Reforma Tributária continuará sendo uma das principais pautas em 2024. Mesmo após sua promulgação em dezembro de 2023, o tema ainda enfrentará o desafio de regulamentar diversos pontos do texto, como as alíquotas, previstas para ficarem em 26,5%, regimes especiais e definições específicas.
É evidente que a reforma tributária representou um marco significativo para o Brasil, após quase quatro décadas de debates. Com a substituição de cinco tributos sobre o consumo pela adoção do Imposto sobre Valor Agregado (IVA), o país se alinha às práticas internacionais e busca simplificar seu sistema tributário.
No entanto, será essencial uma boa articulação política para validar todos os pontos da reforma.
O Que Propõe a Reforma Tributária?
Além da unificação dos impostos atualmente cobrados no Brasil, a Reforma Tributária visa trazer mais transparência para o sistema fiscal do país e reduzir a complexidade do sistema de tributação sobre o consumo de bens e serviços.
Espera-se que essa reforma impulsione a economia brasileira, possibilitando um crescimento do PIB superior a 10% ao longo de uma década.
Regulamentação da Reforma Tributária
A Reforma Tributária entrou em uma nova fase: a de regulamentação. Diversos pontos ainda precisam ser debatidos no Legislativo e no Executivo nos próximos meses e anos antes de a reforma começar a valer efetivamente.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, recebeu na quarta-feira (24/04) o primeiro projeto de lei de regulamentação da reforma tributária.
O texto, que trata dos impostos sobre o consumo, foi entregue pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante uma entrevista coletiva na residência oficial do presidente do Senado.
Mais cedo, Haddad já havia entregue o projeto ao deputado Arthur Lira, presidente da Câmara, por onde a análise do projeto começará.
A proposta prevê uma alíquota média do Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) de 26,5%, podendo variar entre 25,7% e 27,3%, conforme informado pelo secretário extraordinário da Reforma Tributária, Bernard Appy.
Atualmente, os bens e serviços no Brasil pagam, em média, 34% de tributos federais, estaduais e municipais.
Processo de Construção
Os projetos de regulamentação da Reforma Tributária do consumo foram desenvolvidos no Ministério da Fazenda com base nos relatórios produzidos pelos participantes do Programa de Assessoramento Técnico à implementação da Reforma da Tributação sobre o Consumo (PAT-RTC).
Esse programa é coordenado pela Secretaria Extraordinária da Reforma Tributária (Sert) e inclui representantes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios em suas diferentes instâncias.
O secretário extraordinário Bernard Appy liderou a Comissão de Sistematização (Cosist), a instância máxima do programa, responsável por consolidar os resultados dos trabalhos dos 19 Grupos Técnicos (GTs) que compõem o PAT-RTC.
Conteúdo do Projeto
O texto do PLP entregue nesta quarta-feira detalha as características do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) que será implementado pela Reforma Tributária. Este imposto substituirá três tributos federais (PIS, Cofins e IPI), um estadual (ICMS) e um municipal (ISS), incidindo sobre bens e serviços.
O projeto define as normas gerais do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), incluindo o fato gerador, local da operação, base de cálculo, alíquotas, pagamento e não cumulatividade, além de regras para importações, imunidade das exportações e o modelo operacional.
A Lei Geral também introduz mecanismos como a devolução personalizada (cashback) do IBS e da CBS para famílias de baixa renda e a Cesta Básica Nacional de Alimentos, além de regimes específicos e diferenciados previstos na EC 132.
O segundo projeto, focado na gestão e administração do IBS, abordará a atuação do Comitê Gestor do IBS, o contencioso administrativo e a distribuição das receitas do IBS entre os entes federativos. A previsão do governo federal é enviar este PLP ao Congresso na primeira quinzena de maio.
Quais Pontos Precisam de Regulamentação na Reforma Tributária em 2024?
Confira abaixo os principais pontos:
- Regulamentação do IVA e definição da alíquota média do IVA: que deve ficar em 26,5%, com possibilidade de variar entre 25,7% e 27,3%, segundo o Secretário da Reforma Tributária, Bernardo Appy. Espera-se, contudo, uma redução maior que a média mencionada;
- Definição dos produtos da cesta básica nacional: A reforma tributária preserva a isenção de impostos sobre os itens da cesta básica – alimentos e produtos de higiene pessoal consumidos por todos os brasileiros, especialmente aqueles que têm um impacto maior no orçamento das famílias de baixa renda.
- As regras para o sistema de cashback para a casa, como luz e gás: A proposta enviada ao Congresso inclui um mecanismo de “cashback”, que permitirá a devolução dos impostos cobrados no consumo às famílias. A equipe econômica sugere que este benefício seja direcionado a famílias com renda de até meio salário mínimo por pessoa (R$706, no valor atual).
- Como irá funcionar o imposto seletivo: Além da alíquota geral, que deve ficar entre 26% e 27% na soma de CBS e IBS, o governo propõe uma tributação ainda maior para certos produtos específicos. Esse “imposto do pecado” é destinado a desestimular o consumo de bens prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. A lista de itens com tributação mais alta, incluída pelo governo na regulamentação da reforma tributária, abrange cigarros, bebidas alcoólicas, bebidas açucaradas, veículos poluentes e a extração de minério de ferro, petróleo e gás natural.
Qual a Importância da Regulamentação da Reforma Tributária?
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, destacou a importância da regulamentação da Reforma Tributária, apontando-a como uma das prioridades do país em 2024.
Em uma entrevista concedida em fevereiro, ele ressaltou a necessidade de não apenas promulgar a emenda constitucional, mas também de elaborar as leis complementares e regulamentar a reforma para assegurar um sistema tributário eficiente e equilibrado.
Além disso, o presidente do Congresso sublinhou a importância de discutir a qualidade do gasto público, destacando a interdependência entre o sistema tributário e as despesas governamentais.
Qual a Desvantagem da Reforma Tributária no Brasil?
Nos próximos anos, a Reforma Tributária terá um impacto significativo tanto para consumidores quanto para empresas, passando por processos de regulamentação e legislação. Abaixo, destacamos alguns dos principais pontos:
- Aumento da carga tributária para alguns setores: determinados segmentos da economia, como o de serviços, podem enfrentar um aumento na carga tributária devido à unificação de cinco tributos em dois, o Imposto sobre Valor Adicionado (IVA Dual), com possíveis alíquotas mais elevadas.
- Coexistência de dois sistemas tributários: ao longo do período de transição de 7 anos, haverá a coexistência de dois sistemas tributários, o que aumentará os custos de cumprimento de obrigações tributárias para as empresas, que terão que lidar com as regras do sistema antigo enquanto se adaptam às do novo.
- Monetização de saldos credores acumulados: a necessidade de monetizar rapidamente saldos credores acumulados de tributos sob o regime atual pode acarretar desafios financeiros para as empresas.
- Impacto nos custos operacionais das empresas: com a necessidade de configurar e organizar o novo regramento fiscal nos sistemas das companhias, haverá uma oneração dos custos operacionais.
Qual o Benefício da Reforma Tributária 2024?
O novo cenário fiscal do Brasil trará melhorias significativas para vários setores da economia, beneficiando também o consumidor final, ao atualizar o sistema vigente. Abaixo, alguns dos principais benefícios da Reforma Tributária:
- Simplificação da cadeia tributária: A reforma simplificará os processos tributários, reduzindo o tempo e o dinheiro gastos pelas empresas.
- Aumento da competitividade e crescimento econômico: Com a simplificação, os setores econômicos podem ganhar competitividade no mercado internacional, impulsionando a economia brasileira.
- Redução de custos empresariais: Atualmente, 1,2% dos custos das empresas estão relacionados ao pagamento de impostos, incluindo despesas com softwares, assessores, auditorias e recursos humanos.
- Segurança jurídica: A clareza e a previsibilidade das regras tributárias proporcionam maior segurança jurídica para empresas e investidores.
- Geração de emprego e renda: Um ambiente tributário mais favorável pode contribuir para a criação de empregos e aumento da renda.
- Maior transparência: A população terá maior conhecimento sobre os valores de impostos embutidos em produtos e serviços, o que aumenta a transparência e a consciência fiscal.
Conclusão
Em 2024, a Reforma Tributária no Brasil representou um marco significativo na busca por um sistema fiscal mais eficiente, transparente e justo.
Embora ainda em processo de regulamentação e implementação, a reforma promete simplificar a tributação, aumentar a competitividade e o crescimento econômico, reduzir custos empresariais e gerar empregos e renda.
Com a segurança jurídica e a transparência proporcionadas, a reforma visa aprimorar o ambiente de negócios no país, beneficiando tanto empresas quanto consumidores.
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